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Mostrando postagens de agosto, 2020

Versos 72-81

Lá é roupa na qual levar leis e direitos Pro povo vencedor com sangue ainda exposto E a plebe da montanha quando pousa o arado? O que não vais dizer vendo o juiz vestido Assim? Convém à testemunha usar multícia? Agudo mestre, indômito, da liberdade, Crético, transpareces. Tal mácula passa E fará mais, tal qual rebanho inteiro em pasto Pega em conjunto a sarna ou a impigem dos porcos E o míldio passa de uva a uva só de olhar. en habitum quo te leges ac iura ferentem uulneribus crudis populus modo uictor et illud montanum positis audiret uulgus aratris. quid non proclames, in corpore iudicis ista 75 si uideas? quaero an deceant multicia testem. acer et indomitus libertatisque magister, Cretice, perluces. dedit hanc contagio labem et dabit in plures, sicut grex totus in agris unius scabie cadit et porrigine porci 80 uuaque conspecta liuorem ducit ab uua. Na passagem, que ainda comenta a roupa de Crético, Juvenal explora os contornos da falta de decoro que ela representa: a nudez que ela

versos 64-71

Fogem com pressa de quem conta as evidências Os estóicidas, mas... Larônia mente? E o que Outros não fazem, se usas um véu transparente, Crético, e nessa roupa em frente ao povo advogas Contra Polita e Prócula? Fabula trai; Também condene, quem quiser, Carfínia: toga Não use a condenada. "Mas julho se inflama, Eu queimo." Advoga nu: ser louco é menos torpe. fugerunt trepidi uera ac manifesta canentem Stoicidae; quid enim falsi Laronia? sed quid     65 non facient alii, cum tu multicia sumas, Cretice, et hanc uestem populo mirante perores in Proculas et Pollittas? est moecha Fabulla; damnetur, si uis, etiam Carfinia: talem non sumet damnata togam. 'sed Iulius ardet, 70 aestuo.' nudus agas: minus est insania turpis. Volta a voz de Juvenal ao fim do discurso de Larônia. Os apedrejadores de plantão fogem diante da denúncia de suas torpezas. O poeta, como se não fosse ele próprio o autor da voz de Larônia, faz coro a ela como se fosse mais um rosto da multidão presen

verso 63 - excurso

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Ainda sobre a última postagem, eis mais um dos motivos pelos quais gosto do verso 63: O pirata que cita versos aleatórios sem nenhuma relação com o contexto é uma das muitas delícias da coleção do Asterix. Pra quem gosta, a pérola está nesse maravilhoso título: Já vi gente torcer o nariz pra esse volume, que nado foi escrito pelo par Uderzo e Goscinny, mas eu pessoalmente acho que ele é não só uma linda homenagem aos criadores da série, mas também uma super aula bacana sobre a escrita da história.

Versos 58-63

Sabe-se porque Histro só deixou herança Pro liberto: é que em vida deu muito à menina. É rica a que dormir num grande leito a três. Casa e cala: os segredos dão bons testamentos. Mas depois sobre nós pesa triste sentença: Censuras poupam corvos e incomodam pombos.' notum est cur solo tabulas inpleuerit Hister liberto, dederit uiuus cur multa puellae. diues erit magno quae dormit tertia lecto. 60 tu nube atque tace: donant arcana cylindros. de nobis post haec tristis sententia fertur: dat ueniam coruis, uexat censura columbas.' Aqui, chegamos finalmente à peroração de Larônia. Refere-se uma anedota nos versos 58-60 que é sumarizada no verso seguinte. Histro, personagem desconhecida, lega coisas ao liberto após a morte pois já havia dado à menina mais do que o que devia, em vida. O leitor fica no escuro, se não inferir por meio dos versos seguintes: a menina seria a esposa de fachada, que encobre as reais preferências do marido, e seu silêncio foi comprado com uma herança fart

Versos 51-57

Acaso a gente advoga, conhece o direito Civil ou dá um único pio nos seus fóruns? Poucas brigam ou comem as coxas com ossos: Vocês cardam a lã e de fios prontos enchem Cestos, e ao mover leve agulha em fértil fuso Penélope é vencida e Aracne é menos tênue, Qual torpe concubina sentada no tronco. Numquid nos agimus causas, civilia iura novimus, aut ullo strepitu fora vestra movemus? luctantur paucae, comedunt colyphia paucae: vos lanam trahitis calathisque peracta refertis vellera, vos tenui praegnantem stamine fusum 55 Penelope melius, levius torquetis Arachne, horrida quale facit residens in codice paelex. O próximo argumento de Larônia envolve a inversão de papéis. Segundo ela, as mulheres não se metem em afazeres masculinos, tais como defender causas, a assembleia política, os combates e o último, mais curioso, não comem o colyphium . Esse é um termo curioso, derivado do grego kolê , que significa um pedaço de carne, usualmente a coxa, acompanhado do osso. Então, como hoje, é um