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Mostrando postagens de julho, 2020

Versos 41-50

[Mas aonde] Foi comprado o perfume que exala do peito Peludo? Mostra sem pudor o dono da loja Pois se as leis e direitos se fraudam, o acusem Face a todos na lei Escantínia; investiga E observa os homens: muito é o que fazem, porém Os guarda o número e a falange com escudo, Entre os frouxos há grande acordo e não existe Exemplo algum em nosso sexo detestável. Média não lambe Clúvia, nem Flora a Catula: Jovens cavalgam Hipo e os dois males descoram. haec emis, hirsuto spirant opobalsama collo quae tibi? ne pudeat dominum monstrare tabernae, quod si vexantur leges ac iura, citari ante omnes debet Scantinia: respice primum et scrutare viros; faciunt nam plura, sed illos defendit numerus iunctaeque umbone phalanges, magna inter molles concordia, non erit ullum exemplum in nostro tam detestabile sexu. Media non lambit Cluviam nec Flora Catullam: Hippo subit iuvenes et morbo pallet utroque. Começa a reviravolta do discurso de Larônia. Se a moral está restituída, se a lei Júlia está novamen

Versos 34-40

Não é com mérito e direito que esse vício Despreza o falso Escauro e morde quem corrige? Deles Larônia não arranca um certo bravo Que só grita: "Cadê a Lei Júlia agora? Dorme?" E ri por baixo assim: "bons tempos que te opõem Aos costumes. Que Roma tenha já pudor E um terceiro Catão caia do céu. Mas aonde nonne igitur iure ac merito vitia ultima fictos contemnunt Scauros et castigata remordent? 35 Non tulit ex illis torvum Laronia quendam clamantem totiens ‘ubi nunc, lex Iulia? dormis?’ atque ita subridens: ‘felicia tempora, quae te moribus opponunt. habeat iam Roma pudorem, tertius e caelo cecidit Cato. sed tamen unde 40 Aqui tropeçamos novamente numa passagem trabalhosa, em grande medida pela dificuldade de compreensão sobre a personagem referida. Escauro é um nome que nos remete a um político do século I a.C., defendido por Cícero (e, portanto, muito plausível em nosso rol de viciosos) de uma acusação de

Versos 29-33

Tal era o adúltero manchado há pouco em bodas Trágicas, revogando então as leis severas Que todos temem, mesmo até Vênus e Marte, Quando a fecunda vulva de Júlia absolvia Com abortivos, pra expelir fetos do tio. qualis erat nuper tragico pollutus adulter concubitu, qui tunc leges revocabat amaras omnibus atque ipsis Veneri Martique timendas, cum tot abortivis fecundam Iulia vulvam solveret et patruo similes effunderet offas. Aqui temos um trecho importante da argumentação. Em primeiro lugar por se tratar de um símile. Ao introduzir uma figura de linguagem dessa proporção, Juvenal obriga o leitor a admitir que o discurso satírico é bem elaborado, visto que ainda há quem suponha que, gênero arvorado na indignação, a sátira seja espontânea, não-trabalhada, genuína. O símile, lembramos, é uma figura retórica que dá brilho especial ao discurso e é particularmente explorada pela poesia épica, já que obriga o leitor a focar determinado aspecto da

Versos 23-28

O pé reto achincalhe o torto; o branco, o negro: Quem aceita que um Graco critique os tumultos? Quem não mistura o céu e a terra ou mar e céu Se homicidas Milão despreza, ladrões Verres, Clódio acusa adultérios, Catilina a Cétego, Se três alunos fazem a lista de Sila? loripedem rectus derideat, Aethiopem albus; quis tulerit Gracchos de seditione querentes? quis caelum terris non misceat et mare caelo, si fur displiceat Verri, homicida Miloni, Clodius accuset moechos, Catilina Cethegum, in tabulam Syllae si dicant discipuli tres? Como foi apontado na última postagem, a passagem que apresentamos agora arrola uma série de exemplos que versam pela mesma lei cristã que desaconselha aos pecadores atirar pedras nos outros. Ultrapassa um pouco o escopo desse projeto, mas vale a pena mencionar que Juvenal, tanto quanto Pérsio, eram avidamente lidos pelos apologistas cristãos da tardo-antiguidade. O primeiro verso causa muito incômodo aos